NUNCA MAIS

Nunca mais é exatamente igual a para sempre, os dois são tempo para caral…

Quando ouço nunca mais quero ver você na minha vida eu sempre respondo, nunca é tempo pra caral…

O mesmo digo quando me falam eu vou te amar dessa forma para sempre. Olha, presta atenção, que para sempre é tempo pra caral…

Somos, diversas vezes, nas nossas vidas muito radicais.

O que fazer então quando a mágoa vem, avassaladora, para dentro das suas entranhas e a única solução que nos resta é o radicalismo. Nunca mais quero, sequer, pensar em você.

Ah! Como seria maravilhoso se pudéssemos tomar a decisão e ela ser aceita como um comando dado ao interruptor de luz do ambiente que NUNCA MAIS verá aquele ser tão amado.

E como seria genial se conseguíssemos, no auge da paixão decidir que PARA SEMPRE vou te amar da forma como estou amando agora.

Seria fantástico conseguir que a rotina, as chateações adquiridas no trabalho, na rua ou mesmo dentro de casa não lixassem o verniz das relações.

Que mantivéssemos as inseguranças e ciúmes longe dos nossos corações como se tivéssemos um escudo próprio para afastar esses percalços.

Existem casais que conseguem sucesso na sua empreitada, mas a maioria se perde.

A dor que os grandes amores provocam são as que mais se encaixam nos perfis de NUNCA MAIS e PARA SEMPRE.

Eu, habitualmente, sou colocada em cheque já que tenho o péssimo costume de valorizar em demasia pessoas e situações que acontecem na minha vida.

Tenho a impressão que fantasio demais.

Na verdade, creio que tenho uma visão distorcida da importância que as coisas realmente têm.

Isso não é nada mal para quem gosta de escrever, mas é muito complicado no dia a dia, naquela vida “real” que tenho que viver.

Isso se dá em amizades, relações profissionais e amores. Em tudo que me circunda.

Já cri que tive um grande amor e que era correspondido na mesma intensidade até perceber que eu não ocupava o mesmo espaço que ocupavam em mim, que nem uma palavra amiga poderia ser dividida depois de tudo.

Tive amizade de uma vida inteira que eu tinha certeza que a lealdade era a nossa bandeira e nem a data do meu aniversário era lembrado.

Já julguei ter feito trabalhos de uma importância na minha carreira que nem mais é lembrado por quem até trabalhou comigo. E percebi diversas vezes que o mesmo acontece ao contrário.

Enfim, como já me equivoquei.

Como já utilizei as duas expressões e como já voltei atrás, milhares de vezes.

Tem um samba que o Zeca Pagodinho canta que eu sou completamente apaixonada. Fala assim: estou louco de saudade que é louca por você. Ele não assume que é louco por aquela pessoa e sim a saudade dele que é. Isso é muito engraçado.

E na mesma música tem outra afirmação linda que diz, “e a velha frase que o tempo leve, era até breve não nunca mais”.

Aquela velha frase NUNCA MAIS, na maioria das vezes quer dizer ATÉ BREVE mesmo. E ainda bem.

Mas em determinadas situações, o destino nos tira essa chance. Nos priva de poder desfrutar melhor das formas de amor que muitas vezes nos são apresentadas.

E assim vamos perdendo tempo, amor, oportunidades de sermos felizes e principalmente oportunidades de dizer, ouvir e sentir essas trocas de amor.

Como eu queria aprender a ser menos dura e radical e poder viver intensamente todas as formas de carinho que se apresentam para mim.

Quando deparamos com a velha dona da foice é que dimensionamos o quanto somos pequenos e ridículos.

Essa sim é a forma definitiva nessa vida. A morte.

Esse é o verdadeiro NUNCA MAIS e PARA SEMPRE.

Esse texto, quero empregar como agradecimento e destinar a minha empresária Ana Sabugosa. Uma amiga guerreira que foi dedicação a mim, a sua profissão e a sua família, sem nenhuma restrição.

 

Rio de Janeiro, 15 de julho de 2007.

Lúcia Veríssimo

 

PROSTITUIÇAO

Tenho a impressão que tudo que poderia ser dito, a respeito do escândalo de uma péssima educação aliada a ignorância e a caretice que assola o mundo nos últimos tempos, já foi dito, mas não posso deixar de falar num outro aspecto sobre o mesmo tema.

Acho que a sociedade e seus hipócritas esquecem o quanto, TODOS nós, em diversos momentos da nossa vida nos prostituímos.

Segundo o Wikipédia, “A prostituição pode ser definida como a troca consciente de favores sexuais por interesses não sentimentais ou afetivos. Apesar de comumente a prostituição consistir numa relação de troca entre sexo e dinheiro, esta não é uma regra. Pode-se trocar relações sexuais por favorecimento profissional, por bens materiais (incluindo-se o dinheiro), por informação, etc. A prostituição caracteriza-se também pela venda do corpo, seja em fotos ou filmes em que se deixam à mostra partes íntimas do corpo.”

Vai tentar me convencer que existe alguém que nunca se prostituiu em algum momento?

Não vai conseguir.

Eu mesma, se for ilustrar, ao pé da letra, os exemplos citados no Wikipédia, expus meu corpo nu em peças de teatro, diversos filmes, na revista Playboy por duas vezes e até mesmo em novelas.

“Nos tempos antigos, para as escravas a prostituição era um meio de obter a liberdade. Já algumas aderiram pelo simples prazer, casos de “ninfomania” fizeram com que mulheres de família se entregassem a prostituição.

A primeira informação sobre a prostituição na Itália, data de antes mesmo da fundação de Roma. As mais antigas tradições romanas nos contam que quando a vestal Rea Silvia abandonou seus filhos, Rômulo e Remo, no rio Tibre, estes foram acolhidos e criados por uma “loba” (nome que era dado às prostitutas) chamada Acca Larentia.

(www.geocities.com/pjchronos/tatikugler/prostit.htm)”

Nos prostituímos nos empregos que não queríamos estar, nos casamentos que não acreditamos mais, nas milhares de vezes que aceitamos imposições que não queríamos – sendo impostas por quem quer que seja, em qualquer tipo de situação – e principalmente nos deixando desrespeitar, permitindo essa cultura da impunidade em troca de favores políticos, dinheiro, posições sociais, empregos etc.

Essa é a prostituição do mal, porque a prostituição de profissão mesmo, aquela que é a profissão mais antiga do mundo, aquela que deve ser considerada essencial na composição da ordem social, não traz malefícios a ninguém, muito pelo contrário.

Que nome damos a um jovem que espanca uma mulher, um ser vivo e se defende acusando a agredida de ser “uma prostituta”?

Só pode mesmo ser amigo e ter como parceiro, no mesmo ato de agressão, outro rapaz, filho de um pai que afirma achar “não ser justo manter presas crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham. Não concordo com a prisão deles na Polinter, ao lado de bandidos” (O Globo, 26/06/07). E o que eles são? Sacerdotes trabalhando na limpeza dos males da sociedade?

Eles todos estão no mesmo saco de lixo daqueles que matam índio pensando ser mendigo, dos que como, no Rio Grande do Sul, amarraram uma cachorra no pára-choque de um carro e saíram correndo pelas ruas para ver quanto tempo ela agüentaria viva e dos agressores e assassinos de inúmeros homossexuais nas ruas de São Paulo, por exemplo.

Onde vamos parar?

Quando era jovem e participava de manifestações de preconceito eu achava que, com o tempo, as pessoas iriam deixar de ser ignorantes e teriam por seus semelhantes, respeito por suas escolhas.

Vi lutas serem travadas em nome dessa abertura social e cheguei a acreditar que eu veria um mundo melhor e mais justo. Estou abismada pela constatação de que o mundo está ficando cada vez pior. Os preconceitos estão ficando cada vez mais fortes e nós cada vez mais fracos.

Que não está adiantando nada termos mais acesso a informação, pois as pessoas estão ficando cada vez mais ignorantes.

Outro dia num jantar entre jovens, ouvi atrocidades de pessoas que sei a educação moderna e correta que tiveram e fiquei surpresa de ver seus discursos serem tão preconceituosos e caretas.

Aquela máxima de que pais modernos, filhos caretas e vice-versa.

Que lástima que não conseguimos mudar o mundo para melhor.

E a impunidade permanece e nós continuamos a nos prostituir usando a forma maléfica da palavra.

Transcrevo parte do artigo da amiga Cora Rónai no O Globo de hoje em que diz “…aposto que têm, todos, um futuro brilhante: a política os aguarda de braços abertos. No Congresso Nacional, há lugar de sobra para gente com os antecedentes de…”

Sei que Cora se refere aos que já estão acostumados a não sofrer punição para seus enormes males de agressão contra tantos brasileiros, pois agressão não é só bater, mas roubar também, o que no cenário nacional é paisagem comum.

 

Lúcia Veríssimo

Rio de Janeiro, 28 de junho de 2007.

 

O PROGRESSO NA MEDICINA

Há tempos a discussão sobre o projeto célula-tronco vêm ocupando vários espaços.

É uma discussão que invade o terreno religioso e por conseqüência, estaciona, quando na verdade, deveria avançar em nome da ciência.

Tenho a compreensão de que não somos deuses para ditarmos regras de existência ou mesmo temos direito de interferir no Karma de um ser.

Porem, Deus nos dá a inteligência e a capacidade de avançar em nossos conhecimentos, justamente para nos dar mais chances de lutar pelo bem estar dos nossos semelhantes. Pelo menos assim deveria ser.

Pensar que é errado fazer uso de embriões humanos que serão descartados, para pesquisa de cura de doenças é, no mínimo, ridículo.

Hoje, Helio Aguinaga (membro da Academia Nacional de Medicina), afirmou num artigo para o jornal O Globo, “que as pesquisas cientificas mostram que até o 14º dia de fertilização não há sinal de diferenciação celular na gênese de órgão humano, tratando-se de aglomerado celular. …. não há vestígios de sistema nervoso…”

Ele ainda escreve, que “Se considerar a morte cerebral é avaliação legal e moral para se usar órgãos para transplante, por que não usar o mesmo critério no emprego de células-tronco, na fase que não há vestígio de sistema nervoso, em doentes que têm a vida ameaçada por males sem esperança?”

Aí está a real questão. Por que não aliviar milhares de pessoas de dores insuportáveis, deformações absurdas, enfermidades esdrúxulas em favor de cabeças   que não acompanham os tempos?

Concordo que não podemos mudar o destino que cada um tem nessa vida, mas se não for para ser, não haverá célula-tronco que mude o seu destino.

Então não custa tentar.

É assim que chegam a nós os avanços tecnológicos. Na tentativa de ter o melhor para todos.

É assim que funciona o avanço científico.

Já imaginaram se não aceitássemos a mudança dos tempos e não fizéssemos uso da penicilina, dos antibióticos de última geração, dos coquetéis para o tratamento da AIDS…

Até onde sei, o projeto para o emprego de células-tronco embrionárias será feito a partir do uso de embriões humanos que são descartados (inviáveis para a implantação) nas clínicas de reprodução assistida.

Eles não serão mesmo implantados para uma gestação, então por que não utilizá-los na tentativa da cura para tantas doenças em seres que já existem e penam com enfermidades?

Não é um caso a ser pensado?

 

Rio de Janeiro, 04 de junho de 2007

Lúcia Veríssimo

PETIÇÃO LEI ROAUNET

Como se ainda não bastasse tudo que está acontecendo, agora temos que nos deparar com a incrível cara de pau do Senador Marcelo Crivella, querendo aprovar uma emenda à Lei Roaunet, para que a construção e reforma de “templos religiosos” fossem beneficiados com o PRONAC (Programa Nacional de Apoio à Cultura).

Esse recurso, mais conhecido como Lei Roaunet, aprovada em 1991, visa proporcionar as empresas pagarem 4% do Imposto de Renda devido ao governo, em forma de apoio a projetos culturais.

Ou seja, as empresas pagam encargos tributários obrigatórios ajudando a cultura nacional e ainda se promovendo, pois esse apoio se transforma em anuncio para essas empresas, já que, em contra-partida, os projetos culturais as quais elas ajudam a patrocinar, são plataforma de divulgação para essas empresas.

Sendo o ilustre (sic) Senador, sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, não fica nada difícil alcançar seu intento.

A emenda proposta, alem de absurda, não passa de um atestado a nossa burrice, se aprovada.

Já não basta o que os fiéis pagam para sustentar esses grandes negócios que são as religiões, vem um senador (letra minúscula mesmo) querendo abocanhar o pouco de recurso que temos para investir na nossa cultura.

É de conhecimento de todos a dificuldade que temos para produzir nossos projetos culturais. Muitas vezes ficamos anos com o projeto embaixo do braço esperando para ser atendido por uma empresa.

Está cada vez mais difícil.  Reparem bem, como funcionam as coisas para a cultura:

Damos entrada junto ao MINc numa papelada que tira o nosso sono para juntar. Entre documentos o mais diversos.

Depois ficamos debruçados sobre planilhas super explicadas e complexas do que pretendemos com o projeto cultural apresentado. Esse processo nos toma ainda mais um bocado de tempo, pois é mesmo, muito complicado para ser feito.

E aí, após uma espera para que esse projeto seja estudado por funcionários do Ministério, que avaliarão se o mesmo está apto para seguir para a reunião de ata, com outros funcionários que analisarão um pouco mais e dirão, se ele tem o direito a ser agraciado com a lei ou não, e lá se vai mais um tempão.

Sendo aceito e inscrito na Lei Roaunet, o projeto deve ser reestruturado para ser apresentado as empresas. Ele tem que sofrer uma grande maquilagem que consiste em diagramação, cores, fotos, bla, bla, bla…

E nisso vai muito dinheiro do nosso bolso, já que ainda não entrou nada para o projeto.

Aí vem a parte mais dolorosa, a peregrinação pelas empresas.

Os pobres mortais que não fazem parte de uma pequena turma de praia dessas empresas maiores, minguam atrás de trocados com o chapéu na mão, muitas vezes, por anos a fio e dificilmente conseguem apoio. Não é nada fácil.

Não estou brincando, nem mesmo exagerando. Existem cineastas, atores, produtores que estão com seus projetos na pastinha há mais de 3 anos, percorrendo uma infinidade de empresas, sem obter nenhum sucesso. Com um detalhe, sua “licença” para conseguir apoio caduca e você tem que solicitar mais prazo. Claro que sempre com alguma burocracia e espera.

Aí vem um sobrinho muito dedicado, que acha que o que a igreja do titio ganha com seus fiéis não é suficiente para construções e reformas de templos e pretende abocanhar o pratinho parco e frio que cabe a pobre cultura nacional.

Fica aqui registrado também, que as religiões já têm benefícios previstos na legislação (isenções diversas) e que até por isso não devem nem precisam concorrer aos escassos recursos de um setor (o cultural) conhecidamente deficitário.

Senador Marcelo Crivella, o senhor não tem vergonha, não?

O senhor não sabe que a cultura é o principal alicerce para o desenvolvimento de uma sociedade sadia?

Sadia, inclusive, para se dedicar a religião escolhida?

Ou o senhor também compactua com o pensamento de que, quanto menos cultura o povo tiver acesso, melhor a doutrinação?

Pois, caro Senador penso de forma diferente. Existe um outro pensamento antigo, do qual compartilho, que diz que mede-se a cultura de um povo pelo numero de suas igrejas.

Não quero aqui entrar em discussão religiosa, mesmo porque não é essa a questão.

Também sou uma mulher que luto pela liberdade acima de qualquer coisa e entre todas as lutas pela liberdade, uma delas é a livre escolha religiosa.

Apenas como ilustração, sou uma devota sem restrições a DEUS. Fui educada numa religião evangélica, pois minha família da parte de meu pai é Protestante Presbiteriana.

Para se ter uma idéia, o piano da minha avó, que era pianista clássica, está dentro da “nossa” igreja que é no Centro da cidade do Rio de Janeiro (primeira Igreja Presbiteriana do RJ, que fica na praça Tiradentes), onde meu avô foi Presbítero.

Da parte da minha mãe são todos católicos e praticantes.

Portanto, não veja nessa manifestação contrária a sua emenda, uma força contra a religião e sim uma defesa a cultura do meu povo.

Se você que está lendo esse manifesto pensa como eu, por favor, faça uma visita ao endereço http://www.petitiononline.com/cult2007/petition.html e assine a petição e faça seu comentário sobre essa atrocidade.

Em nome da cultura nacional eu agradeço.

 

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2007.

Lúcia Veríssimo

PARECE QUE NADA MUDOU

Porem qualquer coisa não rima.

Era o ano de 1992, o Rio de Janeiro aguardava a ECO 92.

Para essa reunião mundial, a cidade sofreu uma grande faxina.

Foi varrido para de baixo do tapete, muita coisa.

Os mendigos foram escondidos numa outra cidade (somente durante a reunião), separada apenas por uma ponte.

As ruas, praticamente enceradas (porque não é sempre assim?) e o exército assegurava a ordem com seus tanques reluzentes.

Fazia a segurança, quase particular, de todos os chefes de estado que vieram fingir (na sua maioria) estarem, realmente, interessados em mudar rapidamente os velhos hábitos de ataque ao planeta Terra.

Me lembro de uma conversa que tive, na véspera do evento, com uma queridíssima amiga, Vivi Nabuco – grande interessada e incentivadora da proteção ao meio ambiente – , em que ela dizia da alegria que estava sentindo pelo enorme passo que todos nós estávamos dando em direção à preservação do nosso eco sistema.

Eu estava bastante descrente e depois da nossa conversa, pensei por diversas vezes, se eu não havia sido muito pessimista.

Ano de 2007, assisto ao vídeo que agora está inserido no meu blog, gravado na ECO 92, do discurso feito por uma jovem de 13 anos.

Quinze anos atrás.

Foram quinze anos e parece que quase nada mudou ou se mudou, mudou para pior.

País da linha de frente se recusando assinar a carta de Kioto. País que está se tornando a grande potência mundial, completamente sem água por ter destruído todas as suas florestas e a pouca água que resta, contaminada por suas fábricas. Comendo qualquer coisa que que tenha olhos, quatro ou mais patas e tenha as costas viradas para o céu.

Pelo amor de Deus, cuidado ao caírem nas ruas de lá.

Quinze anos e não existem tantas espécies e tantas outras já estão sendo eliminadas.

É drástica a situação dos ursos (panda, branco, pardo) todos em extinção. Baleias se contam, praticamente nos dedos e tantos outros animais que não ajudaram em nada nessa devastação e pagam pela irresponsabilidade dos que fizeram e continuam fazendo pelo desastre.

Enormes porcentagens de florestas devastadas e diversos povos já sem água e por conseqüência mais fome.

Gostaria de saber o que essa mulher de 28 anos (quanto aquela menina de 13 anos deve ter no momento) está pensando do mundo que estamos apresentando para ela, quinze anos depois de seu apelo na ECO 92?

E perguntar a minha amiga Vivi, o que ela acha que melhorou, de fato, de lá para cá?

Rio de Janeiro, 21 de maio de 2007.

Lúcia Veríssimo

 

ECO 92

SINTO VERGONHA DE MIM

SINTO VERGONHA DE MIM

Rui Barbosa

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

***

“De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”.

BERMUDA

Tenho muitos comentários a fazer sobre a discussão que abri sobre a amoralidade, mas sei que é um assunto que terei que tratar com mais profundidade e o farei em breve. Quero agradecer aos que me escreveram e avisar aos que mandam e-mails, que na verdade, não leio e-mails mandados para essa caixa postal.

Depois de 5 dias na cidade de Nova York, onde a encontrei com todas as suas idiossincrasias, peculiaridades etc., pude ter a certeza, mas uma vez, que não só no Brasil se quebram vidros e roubam objetos no interior dos automóveis e nem somos enganados por seguros falsos.

Tive que alugar um carro para viajar até Albany, onde tinha coisas para resolver e quebraram o vidro do carro e levaram o GPS. Eu havia pedido seguro total, paguei por ele, mas mesmo assim a DOLLAR rent a car (cuidado com essa empresa) me fez pagar uma pequena fortuna pelo GPS (que eu havia pedido pelo seguro).

Em compensação pude assistir a Fuerza Bruta, que recomendo, alem de ter ido pela primeira vez ao museu do sexo, que é muito divertido. Aliás, sou uma pessoa muito interessada em tudo que circunda esse assunto.

Encontrei meus amigos maravilhosos que estavam lá e agora estou na Bermuda.

Gosto de conhecer todos os lugares dos mares lindos, pelo mundo.

Me especializei nesse tipo de viagem. E agora estou na frente de um mar absolutamente turquesa/transparente, com areia que mais parece um talco.

Bermuda é uma ilha que podemos assemelhar a Fernando de Noronha, colonizado e governado por ingleses.

Por aqui não se aluga carro e sim moto, o que providenciei imediatamente depois da minha chegada.

Temos que inverter nossa cabeça para nos mantermos do lado esquerdo das vias e seguir por estradas fabulosas, completamente européias, ladeadas por praias deslumbrantes com seu mar turquesa.

Nada mal. Nada mal, mesmo.

Adoro mergulhar e minha preferência são naufrágios. Por aqui é o que se tem mais. Conseguimos visibilidade em profundidades bem grandes. É fascinante mergulhar por aqui.

Tem um aspecto interessantíssimo, em 1616, foi criada a lei que proibia a caça de certos pássaros e a pesca de tartarugas. Fiquei impressionada com a preocupação com a preservação de determinadas espécies desde tão cedo. Depois a preocupação com as florestas de cedro que existiam na ilha. Isso me fez lembrar, com imenso pesar, que em 2007, ainda vemos devastações em nossas florestas, muitas com permissão (ahrg!!!) e milhares de animais em extinção (peixe-boi, ararinha azul, trafico de animais silvestres etc.). Que triste.

Bermuda escolheu como fonte de maior riqueza, basicamente o turismo, apesar de ter encontrado fazendas com sensacionais plantios, o que, diferente de Fernando de Noronha, faz dessa ilha independente do continente. Eles investiram no seu sustento e através do turismo em seu enriquecimento. E prepararam seus “bermudians” para tal.

Essa é uma mentalidade extraordinária e absolutamente certa.

Sendo um local que investe muito no turismo, encontramos um povo extremamente amável e deliciosamente dedicado a ser cortês e gentil.

Ontem me aventurei por estradas sinuosas e me perdi diversas vezes.

Não houve uma vez sequer, que parada numa rua, não aparecesse alguém perguntando se poderia ajudar e concretamente o fizeram. Eles têm um real interesse em bem tratar. Você se sente confortada e segura o tempo todo.

Na véspera da minha viagem, encontrei com meu amigo Zé Maurício, que reclamou sobre a minha escolha em ir para Bermuda. Seu primeiro comentário foi, “para que você está indo para um lugar que só faz chover?”.

Zé, acho que você veio na época errada.

Abaixo mando algumas fotos para que você possa desfrutar do “dilúvio” que encontrei por aqui.

 

Bermuda, 09 de fevereiro de 2007

MINHA PRAIA PREDILETA

               

 

CRYSTAL CAVE

Uma caverna com 500 m de extensão e 69 m de profundidade.

Eu, completamente maluca, mergulhei num dos salões da caverna. Água gelada. Profundidade de aproximadamente 20 metros. Foi uma loucura. Não sei se teria coragem de repetir a mesma façanha
Saindo de dentro d’água, completamente congelada, mas tao feliz que ne sei como descrever…

PLANTIOS