Crime sem Castigo

Todos os anos, no final do ano, vários jornalistas de todos os cantos do país, mandam perguntas sobre essas datas e o que desejamos para o ano que vai chegar.

Esse ano não foi diferente, mas uma delas me chamou mais atenção. Foi feita pelo Rodrigo Prado do Jornal A Tribuna, Espírito Santo, para o AT2, caderno de cultura.

Ele me perguntou: “O que você gostaria de esquecer (um momento da vida ou um acontecimento desagradável, por exemplo) e o por que? Não vale dizer que não gostaria de esquecer nada (risos).”

E minha resposta foi:

Esquecer de todas as vezes que tive que assistir cenas de violência contra animais e que os criminosos nunca são punidos por suas ações; esquecer todas as vezes que tive que suportar ouvir ataques preconceituosos dos hipócritas de plantão; esquecer que vivo num país que políticos são perdoados por seus deslizes, seus atos de desrespeito aos cidadãos que votaram neles e os sustentam nababescamente para que continuem com suas atitudes corruptas e desleais;  finalmente queria esquecer que o ser humano é um destruidor por natureza.

Depois fiquei pensando nessa mágoa toda que saiu de uma vez só, por uma janela sem tramela. Parecia um vento batendo forte e rompendo com todas as trancas.

E me pus a pensar que cheguei a esse final de ano com dores profundas.

Quis entender o porque dessas dores e vi que tinha razão de reclamar sobre tudo que respondi mesmo.

Todos os dias chegam milhares de avisos monstruosos sobre maus tratos aos animais. São amarrados em carros e motos, arrastados até a morte, levam tiros na cabeça, são espancados até morrerem, colocados para serem assados “vivos” dentro de micro ondas, esfaqueados porque têm medo de fogos e essas atrocidades todas, na maioria das vezes, são cometidas por seus próprios tutores.

Tutela quer dizer proteção, amparo. Tutor quer dizer alguém que defende. É derivado da palavra TUIÇÃO que é ato de DEFENDER.

Como assim? As pessoas estão chegando ao terror de espancar até a morte um animal de menos de 3 kgs, na frente da própria filha de 2 anos de idade e o que aconteceu à ela? Perdeu o direito de criar essa criança? Foi presa por cometer um crime desses? Está sendo julgada por crime hediondo? NÃÃÃÃOOO!!!

Estudos nos mostram que TODOS que praticam crimes contra humanos, começam praticando contra animais.

TODOS os serial Killers praticam crimes bárbaros contra animais desde a sua infância até quando começam a cometer contra humanos.

E aqui no Brasil nossos juristas, deputados, senadores não conseguem compreender essa lógica.

Esperam que tragédias aconteçam para aí julgarem o assassino de forma correta.

Vou citar alguns casos:

“Em 1998, Russel Weston entrou no Capitólio e começou a atirar ao redor, quando terminou dois policiais estavam mortos e um visitante ferido. Poucas horas antes, Weston já havia atirado em uma dúzia de gatos de rua alimentados por seu pai”;

“Albert de Salvo (o estrangulador de Boston) – Assassinou treze mulheres (na juventude prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles)”;

“David R. Davis – Assassinou a esposa para receber o seguro (matou dois pôneis , jogava garrafas em gatinhos, caçava com métodos ilegais)”;

“Edward Kemperer – Matou os avós, a mãe e sete mulheres (cortou dois gatos em pedacinhos)”;

“Henry L. Lucas – Matou a mãe, a companheira e um grande número de pessoas (matava animais e fazia sexo com os cadáveres)”;

“Jack Bassenty – Estuprou e matou três mulheres (quando sua cadela deu cria, enterrou os filhotes vivos)”;

“Jeffrey Dahmer – Matou dezessete homens (matava os animais deliberadamente com seu carro)”;

“Johny Rieken – Asassino de Christina Nytsh e Ulrike Everts (matava cães, gatos e outros animais quando tinha onze ou doze anos)”;

“Luke Woodham – Aos dezesseis anos esfaqueou a mãe e matou duas adolescentes (incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo)”;

“Michael Cartier – Matou Kristen Lardner com três tiros na cabeça (aos quatro anos de idade puxou as pernas de um coelho até saírem das articulações e jogou um gatinho através de uma janela fechada)”;

“Peter Kurten ( o monstro de Düsseldorf ) – Matou ou tentou matar mais de cinqüenta homens, mulheres e crianças (torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava)”;

“Randy Roth – Matou duas esposas e tentou matar a terceira (passou esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro)”;

“Richard A. Davis – Assassinou uma criança de doze anos (incendiava gatos)”;

“Richard Speck – Matou oito mulheres (jogava pássaros dentro do elevador)”;

“Richard W. Leonard – Matava com arco e flecha ou degolando (quando criança a avó o forçava a matar e mutilar gatos com sua cria)”;

E até quando teremos que assistir esses políticos nos tratando como escravos de seu prazer?

E até quando o ser humano vai continuar sem entender que estamos aqui de passagem, esse não é nosso fim. Não adianta querer que a vida seja só ganância.

Em nome desse enriquecimento ilícito, destroem matas, rios, mares e tudo que NÃO nos pertence.

Isso sem falar nas milhares de crianças sem educação, população sem saúde e o m;inimo de condições de sobrevida por que o dinheiro que deveria seguir em direção a eles, vai para os bolsos dos mesmos comandantes do país.

É muito triste chegar ao final do ano percebendo que muito pouco conseguimos mudar dessa lama toda.

Mas é ótimo perceber o quanto ainda temos força para continuar lutando e quem sabe as tramelas que se romperam na minha reclamação sejam as mesmas que romperão com os grilhões da ignorância?

 

 

A PELE QUE HABITO

Após 50 horas de ter assistido ao filme de Almodóvar “A Pele que Habito” é que pude sentar para escrever sobre mais uma obra impactante desse inquieto e instigante diretor.

Desde a “Lei do Deseo” que sou fã incondicional de seu estilo.

Ele tem o dom de saber colocar todos os preconceitos esparramados quase que agressivamente em seus filmes.

Sempre defendo que a vida imita a arte e que os espectadores em se espelhando no que é mostrado, podem quem sabe, fazer o movimento de mudança em suas vidas.

E é pra isso justamente que serve a arte. Questionar, inquietar, provocar sua sociedade.

Aliás em “Lei do Deseo” ele consegue falar de todos os mais perseguidos: drogados, homossexuais, transexuais… É um festival de preconceitos expostos. E o take no carrinho da garotinha fazendo a mímica da Maysa Matarazzo cantando Ne Me Quit Pas é uma das cenas mais lindas que já vi no cinema. Verdadeira obra prima.

Já em “Pele que Habito” ele trata principalmente de um assunto que nunca vi retratado dessa forma tão impactante.

Não vou colocar detalhes do filme, pois não podemos fazer a idiotice de entregar a grande surpresa e por isso vai ficar mais difícil escrever sobre ele.

Mas quero perguntar, quantas vezes você já se sentiu aprisionada numa pele que não te pertence?

E aqui quero colocar pele no sentido mais amplo possível.

É o que chamamos de algo que nos “reveste” por fora.

Só aí aflora uma quantidade enorme de visões sobre.

Revestir-se externamente. E o que fica internamente?

E esse interior que é sufocado por leis, preceitos, errôneas leituras religiosas, intolerância, inveja por não ter coragem de mudar, despeito de conquistas, ignorância, arrogância, falta de amor e respeito ao livre arbítrio de cada um?

E desse interior que não é um tecido do lado do avesso para se esconder a linha que é bordada e sim um ser que estando aprisionado deixa, na maioria das vezes, de seguir seu caminho em busca de ser feliz?

Quantas peles nos obrigam a vestir?

Quantas delas nos pertencem? Ou quantas peles ainda vamos permitir que nos cortem, castrem e costurem sobre uma ótica que não nos pertence?

O quanto de nossa pele ainda vamos deixar queimarem nas fogueiras da HIPOCRISIA?

Essa Fundura

Quando tudo se coloca de pernas para o ar, o melhor é não resistir.

Se entrega, mas tenha coragem de se entregar completamente.

Sinta a sensação de estar escorregando para dentro de um poço escuro e nem adianta ficar tentando se segurar nas paredes, sinta apenas aquele frio na barriga que sentimos quando sonhamos que estamos caindo das alturas.

É inevitável mesmo, então procure pelo menos, ser inteira.

Porque só existe uma forma de você sair de lá do fundo, batendo com toda força lá embaixo e pegando folego para, num salto sair, da escuridão.

Pense comigo, a gente já conseguiu romper um ventre, sair de um lugar que era aconchegante, seguro e familiar em busca de um mundo desconhecido, como não temos coragem de fazer o mesmo tantas outras vezes na vida?

Acho que temos que sentir esse poço como sendo uma espécie de volta ao ventre. Uma forma de nos reestruturarmos para rompermos com o que está nos aprisionando.

Sejam prisões familiares, profissionais, afetivas. Tá bom, sei que essas, as afetivas são as piores e também as mais difíceis de se desprender.

Mas é só isso que devemos fazer.

Não estou afirmando que devamos ficar no limbo e sim ter a coragem de chegar nele para sair fortalecido.

E na volta, dependendo da fundura do poço, podemos ter aquela sensação, que pra mim é angustiante ao extremo, da volta de grande profundidade com pouco ar na garrafa (para quem mergulha como eu, vai entender perfeitamente o que eu digo). Aquele pavor de não conseguir ter o suficiente de ar para colocar para fora do pulmão enquanto sobe e se tiver que parar no meio a garrafa pode não ter mais nada pra te oferecer. Aquela aflição de olhar pra cima e só ver água e mais água e nada de encontrar um pedacinho de céu para aliviar.

Agora tem uma coisa, se você tiver essa imensa coragem de se jogar fundo mesmo, e ficar por lá se revendo, pode ter a sorte de na volta encontrar na saída a cara mais linda do mundo a te esperar.

Aí meu amor, você me salva, me retira desse naufrágio necessário.

Hoje, particularmente hoje

Hoje, particularmente, hoje, todo o meu desejo clama por você.

Enlouqueço de não me saber presente em você agora.

Onde mesmo nossos mais se tornaram desiguais?

Não, aí nesse lugar exatamente habita o erro, justamente aí é que o engano se faz.

Acontece que não seremos mais desiguais. Já nos embaralhamos.

Afinal, já tem tanto que já definimos o quanto fomos esculpidas em carrara.

Esculpidas e encarnadas…

A cada dia que passa mais de mim você tem e mais de você se acomoda em mim.

Me impressiono com a similaridade e me encontro em seus traços.

Lamento informar, a simbiose já foi feita. A mistura já está no mesmo caldeirão.

Ela é a prova da sem-vergonhice a que nos entregamos.

Nesse entrelace de nos perdermos em onde começa cada uma.

Também não importa, deixemos então pra uma outra época, outros tempos…

Esperemos que ciclo das coisas se façam e certamente nos encontraremos.

“Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida, mas por enquanto, olha pra mim e me ama! Não! Tú olhas pra ti e te amas.

É o que está certo.”(Lispector)

Vai ver que é porque hoje é dia 31 de outubro, dizem que é dia das bruxas… Dizem também que elas voam…

 

 

INVENTO O AMOR E SEI A DOR DE ENCONTRAR

“Invento o amor e sei a dor de encontrar
Eu queria ser feliz..” (Milton Nascimento)

E assim, a cada descoberta vou me deparando com as minhas limitações. Vou me colocando em cheque e descobrindo até onde a coragem de me lançar é maior que o desejo de não mais sofrer.

Saber da dor que se tem ao inventar um amor ainda não me afugenta desse mergulho no caos.

Todas as esperas transformadas em desenganos. Desencontros. Naufrágios

Mas existiram sim momentos de cais, onde confortavelmente me amarrei àquele toco de amarração e ali eu experimentei aconchego e até cheguei a acreditar que vivi momentos de paz.

Momentos que minha invenção permitiu que em mim se fizesse acreditar.

Mas o amor é o mar. E nele se encerram os mistérios, a falta de domínio, a ausência de exatidão. Existe a fúria, a volta ao passado mais remoto de nossa existência. O medo.

A luta feroz pela sobrevivência num lugar sem esquinas.

A imensidão, a solidão, o saber-se tão pequeno e mesmo assim um gigante na criação.

E assim criei você.

Com esse mar de amor dentro de mim.

Te ofereci meu oceano inteiro. Todos os mais de todos os oceanos. Queria dar-te os oceanos de outras dimensões. Com outras dimensões.

Mas você, ainda encerrada pelos grilhões do tempo, não me permitiu e não quis que eu te mostrasse que, navegando no mar que criei pra você, você chegaria onde nunca houvera ousar.

Foi quando não consegui mais enxergar o meu mar em seus olhos. Quando apenas o desague se fez como uma espécie de ralo que alguém, displicentemente, fez questão de destampar.

E fui me esvaindo até perceber que sem os oceanos que posso ainda criar, não sou nada.

Corri para o meu cais, para me refazer. Respirar, me reorganizar.

Pois sei que tenho mais um milhão de oceanos que me esperam para criar, navegar e quem sabe ser feliz.

https://youtu.be/frHaMD7eVfA

 

 

 

Bem Devagar

Assim como somos capazes de dizer não a um amor, somos também capazes de decidir abrir o coração e dizer sim a alguém que escolhemos.

Sabe, é uma questão de decidir mesmo.

Não somos escolhidos pelo amor ou por alguém. Escolhemos viver aquele sentimento com aquela determinada pessoa e pronto.

Fico impressionada, com o decorrer do tempo vivido, como é claro para mim, como somos donos absolutos de nossos desejos. Só nós mesmos é que traçamos aquilo que queremos.

Inclusive a escolha de ficar choramingando pelos cantos, certos de que somos preteridos, quando na verdade, nós é que decidimos a quem vamos amar, a quem vamos permitir chegar, a quem vamos abrir nossos braços e tudo o mais.

O processo de se vitimar é um dos mais ridículos.

Por que se tornar a presa se na real somos os caçadores?

Estou certa de que abri meu coração com toda a força para alguém entrar, mas nesse momento, estou mais certa ainda de que meu amor, só pertence a mim mesma e faço dele o que melhor me apraz, portanto, posso acordar amanhã livre desse amor e querendo outro em seu lugar.

Basta que decidamos.

Sei o quanto é difícil imaginar isso e acreditar nisso quando nosso alvo é alguém e esse alguém nos despreza.

O quanto é desanimador quando permitimos que nossa paixão fale mais alto que nosso sentido de preservação.

Mas como é uma delícia se deixar levar bem devagar por uma devastadora paixão.

Sentir seu calor aquecendo a pele fria bem de mansinho. A gente jogado ali, como numa manhã de primavera, bem cedo, numa praia deserta em que somente as gaivotas sejam eloquentes. Esse calor vai tomando tudo ao redor, da superfície mais exposta as camadas mais ocultas.

Como é bom sentir isso.

Sentir quando sua boca arde de secura e fria busca a saliva do seu amor, posto que esse é o único líquido esperado, augurado e bem devagar você vai sendo embebedado, embebedado, embebedado, até que tudo que te resta é o êxtase da embriaguez.

Como é bom sentir isso.

Olhar essa lua que está exposta em brasa largada nesse azulão profundo e sem que se espere – não, melhor que se espere sim, fica mais excitante – ser atropelado por uma respiração quente que vai chegar por trás, bem devagar e te arrepiar até o poro mais recôndito.

Como é bom isso.

Então não posso permitir nada menos do que isso.

E bem devagar vou aguardar por apenas mais um segundo você entender tudo que eu quero e depois disso, muito mais rápido do que entrei, vou sair com todo meu amor debaixo do braço a caça de alguém que esteja esperando sentir o mesmo que eu, bem devagar.

Porque bem devagar só é bom quando é dos dois lados.

 

Comboio do Tempo

Já perdi a conta da quantidade de vezes que escrevi aqui, nesse mesmo espaço, sobre o meu fascínio em ter acesso a uma maquina do tempo.

Quem me conhece ou já leu algum dos textos em que me referi a isso, sabe muito bem que minha máquina do tempo só iria pra trás.

Talvez por isso minha perseguição a lugares no mundo onde a história se faça muito presente.

Por isso fico tão triste com países que não respeitam suas raízes e destroem o que os remete à elas, o que diga-se de passagem, acontece com certa frequência no nosso.

Canso de ver fazendas coloniais e suas magníficas lembranças, sendo destruídas. Na cidade ao lado da minha fazenda, assisti a queda de imensas janelas coloniais para a entrada de esquadrias de alumínio.

Meu deus, que triste o povo que não respeita suas origens, pois rapidamente se acultura e vira mais nada.

Vivi em Paris em duas ocasiões da minha vida e é uma das cidades que mais amo no mundo. Aliás, a Europa é o lugar onde mais podemos ter essa sensação de estarmos numa máquina do tempo e isso me fascina.

Todas as vezes que andei pisando o chão do Florença me deu a nítida sensação de estar vivendo novamente os mesmos passos dados por tantos gênios que admiro tão profundamente. O mesmo se deu todas vezes em que sentei em Lisboa no mesmo lugar que meu amado Fernando Pessoa esteve. Parece que posso olhar para o lado e responder a um questionamento dele, ou mesmo me sentir discutindo com um artista inquieto em algum café parisiense ou mesmo sentir os passos poderosos de algum imperador romano.

E o mesmo sinto quando passeio pelas cidades históricas mineiras, por exemplo, que sabiamente foram nomeadas patrimônio histórico e me remeto prontamente para tudo que somos nós. Piso aquelas pedras do calçamento de pé de moleque e esbarro com Tiradentes e o escuto bradar por sua revolução, me esgueiro por suas ruelas e vejo as sombras dos ladrões e dos amantes.

Na segunda vez que fiquei em Paris por um tempo, estava casada e ainda fumava. Era proibida de fumar dentro de casa e habitualmente saía para dar minhas voltas e tragar meu fumo negro em papéis de arroz. Paris não é uma cidade que seja um incômodo ter que sair para fumar. Cada dia fazia uma caminho diferente, chovendo ou não, frio ou não, o prazer de ficar por um tempo sozinha andando por aquela cidade Luz era inenarrável.

E por várias vezes sentei em praças, para calmamente enrolar meus cigarros e em longas e prazerosas baforadas ter conversas longuíssimas com escritores de efervescência dos anos 20, cineastas geniais dos anos 40, artistas plásticos enlouquecidos da Belle époque.

Eram tão reais as nossas conversas que até hoje me baseio em muitas delas.

Basta permitirmos que o que se reflete encontre a realidade na nossa mente e passa a ser verdade tudo que vivenciamos nesses sonhos acordados.

Verdade nada mais é do que o reflexo fiel de uma coisa na nossa mente e prontamente nos adequamos ao pensamento com a coisa e é verdadeiro todo o juízo que reflete corretamente a realidade.

Portanto quem irá me questionar se de fato encontrei com Baudelaire bebendo em becos de Paris e pude ouvir de sua própria boca “Embriaguem-se. Com que? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se”?

O que são nosso amores do que repetições do que já vivemos nessa ou em outra vida a procura do encontro perfeito?

E assim vamos seguindo. E melhor que façamos sempre projetando em realidade aquilo que nos remete ao que provavelmente vivemos e não recordamos mais.

Acho que dessa forma nossas outras vidas chegam a nós nos tempos atuais.

Foi de um prazer ímpar assistir ao último filme de Wood Allen (Meia Noite em Paris) e constatar que muitos pensam como eu e se remetem as suas tantas histórias e por tantos lugares em comum.

Não deixem de assistir.

Overjoyed

Overjoyed Stevie Wonder
Over time
I’ve been building my castle of love
Just for two
Though you never knew you were my reason

I’ve gone much too far
For you now to say
That I’ve got to throw
My castle away

Over dreams
I have picked out a perfect come true
Though you never knew it was of you I’ve been dreaming

The sand man has come
From too far away
For you to say come
Back some other day

And though you don’t believe that they do
They do come true
For did my dreams
Come true when I looked at you
And maybe too if you would believe
You too might be
Overjoyed
Over love
Over me

Over hearts
I have painfully turned every stone
Just to find
I have found what I’ve
searched to discover

I come much too far
For me now to find
The love that I sought
Can never be mine

And though you don’t believe that they do
They do come true
For did my dreams
Come true when I looked at you
And maybe too if you would believe
You too might be
Overjoyed
Over love
Over me

And though the odds say improbable
What do they know
For in romance
All true love needs is a chance
And maybe with a chance you will find
You too like I
Overjoyed
Over love
Over you

Over you