Unicidade da vida e seu Ambiente

Busco em tudo que me relaciono, as direções corretas para pensar na vida como um complexo de situações e responsabilidades para o perfeito crescimento interior de acordo com o ambiente que me cerca.

Penso no Planeta como minha casa e como uma legítima canceriana, minha casa deve ser uma extensão do que internamente desejo para mim.

Essa sempre foi a melhor forma de cuidar de tudo ao meu redor com um olhar ecológico e de respeito ao meio em que escolhi para viver nessa vida.

Então, desde a mais tenra idade, essa preocupação me é pertinente.

No candomblé, a relação do individuo com a natureza se dá pela crença de que as entidades estão manifestadas na natureza. São a própria natureza, como o rio e as cachoeiras são Oxum, por exemplo. Então o contato com a entidade é direto. É assim com as pedras (Xangô), as árvores (em especial Iroko), as folhas (Ossaim), o mar (Yemanjá), a mata (Oxossi), os raios e chuvas (Yansã) e assim por diante. E que, portanto, a natureza deve ser tratada com o respeito que se trata uma divindade.

Isso foi o que me impressionou nessa religião quando a estudei e me envolvi com ela no começo da fase adulta.

O budismo trata esse mesmo ponto de forma ainda mais profunda, pois deixa de lado a crença para direcionar seu pensamento na relação de interdependência entre a vida humana e seu ambiente, ou melhor, a Unicidade da vida e seu Ambiente.

Como compartilho do mesmo pensamento, apresento trecho baseado no princípio de Itinem Sansen.

“As pessoas e seu ambiente são inseparáveis.

Muitos sentem hoje como se não estivessem em equilíbrio com seu meio ambiente, o que parece simplesmente resultar em infelicidade.

Mas foi a humanidade que seguiu contra o ritmo do mundo natural, poluindo-o e causando uma crise que começou a manifestar suas conseqüências no meio ambiente.

A Unicidade da vida e seu Ambiente é um princípio que sugere como as pessoas podem influenciar e reformar seu ambiente por intermédio de mudança interior, ou a elevação de seu estado de vida.

Neste princípio está contida a idéia de que assim como o ambiente influencia o individuo, esse também pode causar uma mudança no ambiente.

O meio ambiente é um reflexo da vida interior do indivíduo que nele habita. Esse ambiente assume as características que estão de acordo com a condição de vida do indivíduo em questão. Em outras palavras, a vida estende sua influência ao seu redor.

O budismo considera que a vida abrange uma vasta extensão de influência e de atividade as quais integram tanto os seres vivos como seu ambiente.”

 

 

PRÊMIO X PRENDA

Sei que seria hoje o dia que a resposta da mão seria dada.

Mas acho que primeiro eu tenho que estipular as regras. Como sempre falo nelas, vou utilizar esse recurso.

Dentre tanta sorte que tive na vida, uma delas foi o meu pai e o João Araujo terem trabalhado juntos por longo tempo. Aliás, o estúdio que meu pai construiu no Rio e que era considerado o mais moderno da época, foi vendido justamente para a Som Livre que quem presidia era João Araujo. Os caminhos sempre estiveram cruzados.

Meus pais, Lucinha e João se freqüentavam e, portanto, seus filhos idem.

Daí veio minha amizade com o maior poeta jovem que conheci, meu amigo Cajú, popularizado como Cazuza.

Para completar estudávamos juntos, no mesmo colégio e sala de aula. Tenho a impressão de já ter comentado isso quando citei, num post antigo, meus amigos de turma no colégio, ou não?

Me divertia enormemente com ele. Era o irreverente mais gentil, o louco de maior sensatez do mundo e um amigo raro, pois era de uma fidelidade ímpar.

Sendo eu a única filha mulher, e ele o único filho homem, Yvonne e Lucinha viviam enchendo a nossa paciência, pois queriam que fizéssemos um filho. Certamente por acharem, que a(o) neta(o) que porventura tivéssemos, seria criada(o) por elas. Ora essa!

Ou pensando melhor, talvez sim.

Mas, por diversas vezes, prometemos fazer essa criança tão almejada. Até hoje, Lucinha me cobra isso e talvez seja um dos meus maiores arrependimentos na vida.

Continuo ligada a eles como parte da minha família. João é meu consultor. Tudo de negócios, pergunto a ele e Lucinha é minha querida amiga e quase segunda mãe e acima de tudo, um exemplo para mim, sendo o maior modelo de como do limão, fazer uma limonada.

A limonada se chama Sociedade Viva Cazuza, que já nasceu com a responsabilidade de levar o nome de uma pessoa que teve o máximo de coragem para nos ensinar sobre os novos tempos difíceis que teríamos pela frente.

Portanto, a prenda será enviar para a Sociedade Viva Cazuza o que vocês acharem que devem. Conversando com a Lucinha hoje, ela me falou que tem um produto que nunca é lembrado, mas que é muito usado, papel higiênico. Sei que tem gente de fora que participou da votação, então, vou disponibilizar também, a conta corrente da Sociedade, para que sejam depositados os valores que quiserem.

Peço apenas que me avisem, assim poderei saber que todos pagaram suas prendas.

Quanto ao Prêmio, quem acertou terá dois ingressos da minha peça, no dia que acharem melhor. Será um ingresso para o premiado e outro para seu acompanhante. Quem morar em cidades que a minha peça não poderá ser encenada, darei outro prêmio que ainda estou pensando.

Por causa da decisão do pagamento da prenda, deixarei a votação demorar mais um tempo, ou seja, responderei na quinta-feira próxima, dia 04 de junho.

Espero que compreendam, é por uma justa causa. Assim também terei tempo para produzir o que pretendo para o próximo post. Vai ser uma surpresa.

SOCIEDADE VIVA CAZUZA:

Rua Pinheiro Machado, 39 – Laranjeiras – Rio de Janeiro – CEP 22.235-090

Tel. (0xx21)2551.5368 – falar com Cristina ou Rodrigo.

Banco Bradesco – agencia 26.901-8 – c/c 26901-8

CNPJ 39.418-470/0001-05

HE UM NÃO QUERER MAIS QUE BEM QUERER (Camões)

Chegamos à conclusão, diante dos comentários gerados por aqui, que persistem mais os românticos que os racionais. Ponto para a paixão.

Continuo acreditando que o caminho do meio sempre será mais saboroso. Também sei da enorme dificuldade que é esse acerto, esse equilíbrio. Como é ser comedido quando suas certezas são violentamente destruídas por esse turbilhão natural das paixões?

Bem, esse exercício todo é para propor uma nova etapa. No próximo post vou começar a colocar frases soltas, retiradas da minha peça, sem ordem cronológica e vou abrir para discussões.

Como vou estar completamente afundada no trabalho, essa será uma forma de podermos estar juntos e eu não perder o meu foco que, aliás, é a chave do meu espetáculo.

Vou abrir um parêntese para me remeter a um filme que quando assisti me levou diretamente ao texto que eu já tinha escrito.

O filme se chama Match Point, de Woody Allen.

Allen é desses que provocam a questão, ame-o ou deixe-o, no meu caso é amor. E esse filme é maravilhoso. Lembro que na época, ouvi críticas que diziam: para que ele resolveu fazer um filme de crime, um policial?

Ora, pombas, o filme não é policial e muito menos sobre crime, muito pelo contrário. O que importa no filme é o que ele explica no começo.

A câmera está parada acompanhando uma bola de tênis que é jogada de um lado ao outro até que num momento ela toca na rede e fica suspensa no ar, sem que saibamos se ela cairá de um lado ou de outro da quadra. Pode ser o ponto decisivo. O match point.

Allen nos faz lembrar que esse é um fator que devemos levar em conta em muitas estórias, a sorte.

Quem é atento, não perde o foco, portanto entende que o filme acontece para provar que o lado que a bola, ou aliança vai cair, determina toda a sua vida.

Mas não é sobre sorte que falo no meu texto e sim sobre esse aspecto de não se perder o foco.

No meu texto, quem perder esse foco, vai dançar na proposta estabelecida.

Mas será mesmo que quem perde ganha?

Tenho muitas dúvidas, porque sempre que ganhamos alguma coisa, perdemos outra. É a lei natural, não podemos ter tudo, certo?

Para finalizar e em homenagem aos românticos de plantão, deixo Florbela Espanca para nos amansar.

 

Gosto de ti apaixonadamente,

De ti que és a vitória, a salvação,

De ti que me trouxeste pela mão

Até o brilho desta chama quente.

 

A tua linda voz de água corrente

Ensinou-me a cantar… e essa canção

Foi ritmo nos meus versos de paixão,

Foi graça no meu peito de descrente.

 

Bordão a amparar minha cegueira,

Da noite negra o mágico farol,

Cravos rubros a arder numa fogueira!

 

E eu, que era nesse mundo uma vencida,

Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol!

– Águia real, apontas-me a subida!          (Florbela Espanca)

 

 

DIA 27

Para mim pouco importa quem tem razão. Ou mesmo quem tem paixão.

Para mim importa o que me arrebate e isso não consigo entender só com a lógica.

Quando muito penso, se esvai o primitivismo, o SER ORGÂNICO.

Quero poder a qualquer momento da fala destruí-la com um beijo.

Quero primeiro, me sentir desejada. Preciso aplacar toda a ansiedade que é gerada por um encontro como esse tão intenso e furioso.

Esse desejo tem também que passar pelo meu corpo e não somente pela minha mente.

Não necessariamente no ardor da cama (melhor seria), mas também nos olhares, na respiração colada cara a cara, carinhos, a poesia e principalmente nas pausas.

São tantas as minhas incertezas e inseguranças agora, que seria um alento.

Também jamais saberei se esse encontro deveria ter se dado dessa ou de outra forma.

A essa altura sei que, deveria ter se dado.

Não acredito em cedo ou tarde. Na verdade, sem que saibamos ou ordenemos, tudo acontece quando tem que acontecer e isso é uma ordem, ou mesmo uma desordem, das coisas.

Esperei mesmo que você tivesse vindo para implantar a desordem na minha vida. Era mesmo o que eu precisava. Um sacudir de ossos, poeira e evidências.

Te dei Florbela Espanca, acho que você nem prestou atenção.

Você não me ouve e segue em seu inflamado discurso sobre tudo. Com milhares de certezas que um dia já tive e que agora faço questão de não mais tê-las e isso inclui o que estamos vivendo agora.

A certeza das incertezas. O não saber o que vai ser, desde que seja com entrega.

Sem que assim seja, será mesmo impossível.

E seguiremos a espera de outro momento certo ou errado.

Acabou, que hoje é dia 27.

 

 

E DAÍ, EU ADORO VOAR!!!

“Gosto dos venenos os mais lentos! As bebidas as mais fortes! Dos cafés mais amargos! E os delírios mais loucos. Você pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí eu adoro voar!!!”(Clarice Lispector)

Não a nada que se compare a esse momento de embriagues provocado pela paixão, pela descoberta do outro, pelos segredos minuciosamente buscados, pela indiscrição das provocações e desejos.

Muitas vezes temos preguiça de começar um trabalho, um exercício e até mesmo uma escrita, mas para se jogar nesse vôo sem plano algum que se chama relação, a preguiça se esvai.

A gente tem medo é claro, serÍamos insanos se não tivéssemos, mas sorte daqueles que a coragem de se jogar ladeiras e penhascos abaixo é maior que o temor.

Não vem com bula e muito menos com certificado de garantia. A possibilidade de chegar sem ferimentos ao final do penhasco é muito remota, mas a sensação de suspensão enquanto estamos nesse vôo livre é demais.

Agora é necessário afirmar que essa mesma sensação se dá para mim de diversas formas. Quando estou apaixonada por um novo trabalho é a forma mais próxima dessa experiência.

O novo. Como é assustadoramente fascinante.

Fico feliz por estar podendo viver tão intensamente as NOVIDADES.

“Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.” (Clarice Lispector)

QUEM AMA NÃO MATA

Estou muito contente que o formato seriado esteja de volta a TV Brasileira.

Se alguns pensam que esse formato é algo novo, que está vindo para cá por causa do grande sucesso dos seriados nos EUA está redondamente enganado.

Em 1979, estreou o seriado QUEM AMA NÃO MATA (de Euclydes Marinho e colaboração de Tânia Lamarca), dirigida por Daniel Filho e Dennis Carvalho, na Rede Globo, que contava com elenco afinadíssimo e dentre eles, Claudio Marzo e mais uma interpretação da fantástica Marília Pera. Um espetáculo essa série.

http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/minisseries/quem-ama-nao-mata.htm

No mesmo ano estreou também PLANTÃO DE POLÍCIA (de Bráulio Pedroso, Aguinaldo Silva, Doc Comparato, Leopoldo Serran, Ivan Ângelo e Antônio Carlos Fontoura) que da mesma forma tinha um elenco incrível e direção do próprio Fontoura e mais os amigos José Carlos Pieri, Luís Antonio Piá e estreia na direção de Marcos Paulo (na época estávamos juntos), que também atuava os amigos com Hugo Carvana e Denise Bandeira.

Plantão de Polícia – Rede Globo

Eram trabalhos de uma grandiosidade enorme. Muito bem escritos, dirigidos, produzidos e atuados, eles foram um marco da qualidade da TV Globo fora das Novelas. Penso até que mereciam um replay.

Eu mesma, em 1990 trabalhei num seriado chamado DELEGACIA DE MULHERES (de Maria Carmem Barbosa, Miguel Falabella, Patricia Travassos, Charles Peixoto, Luiz Carlos Góes, Ronaldo Santos e Geraldinho Carneiro – espero que eu não tenha esquecido ninguém). Foi a época da TV Manchete exibir, pela primeira vez, a novela Pantanal que foi aquele sucesso retumbante. Nosso seriado passava as terças-feiras e segundo informações, era o único programa que batia em audiência o fenômeno Pantanal. O seriado já antevia a delegacia que iria ser criada, Delegacia de Defesa da Mulher.

http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/seriados/delegacia-de-mulheres.htm

Eu sou uma viciada neles.

A GRANDE FAMÍLIA é um excelente exemplo para comprovar o quanto seriados dão ótimo resultado.

Agora existem milhares estreando, tanto na Globo quanto na Record.

Assisto muitos dos que passam nos EUA e eles são meus companheiros diários na minha malhação. Coloco o seriado e fico na esteira. Então tenho como norma que é ficar na esteira, pelo menos 56 minutos todos os dias.

Comecei com FAMÍLIA SOPRANO, depois fui para SETE PALMOS, SEEDS e DEXTER. Esse último é uma idéia fantástica.

Mas me lembrei de tudo isso por causa de uma estatística revoltante.

Vocês sabem que até 1980, as mulheres que eram assassinadas por seus parceiros é que eram consideradas causadoras da própria morte e os homens eram inocentados pela famosa “legitima defesa da honra”. Isso porque muitas vezes elas queriam a separação e eles não aceitavam?

Na maioria dos casos, essas mortes são causadas por ciúmes.

A Coordenadora Científica do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações da Universidade de São Paulo, Eva Alterman Blay, em pesquisa feita para CNPq, afirmou que: “Pesquisamos os Boletins de Ocorrência (BOs) nas Delegacias Gerais e não nas Delegacias de Defesa da Mulher pois estas, em razão da competência legal, estavam impedidas de registrar homicídios de mulheres até 1996”.

 

Peraí, se foi criada uma Delegacia para justamente amparar a mulher, como nessa Delegacia não se podia registrar os crimes cometidos contra essa mulheres???

Definitivamente o Brasil é um país muito complicado de se entender.

A partir da vigência da Lei Maria da Penha (2006) em apenas 5 estados brasileiros tiveram diminuição nos crimes contra as mulheres, São Paulo, Rondônia, Espirito Santo, Pernambuco e Rio de Janeiro, porém os números continuam sendo alarmantes. Na região norte, no ano passado foram 121 homicídio de mulheres, na região Nordeste foram 380, na região Sudeste foram 380, Centro-Oeste 155 e Sul, 137. Total de mulheres assassinadas por seus companheiros em 2008, 1202. Ou seja, mais de 10 mulheres foram mortas por mês, o que nos dá a média de mais de 2 mulheres por semana nesse ano passado e de acordo com os dados divulgados, esse ano o número será ainda maior.

Triste realidade que parece não ter solução.