Ricardo Boechat
Não é só uma perda pelo homem gentilíssimo, querido, com uma qualidade das que mais admiro num ser humano que é o senso de humor.
Não é só a perda da pessoa leal, correta, profunda e brilhante. E embora a dor dessa perda seja imensa para minha história num Rio de Janeiro que não mais existe, onde por tantas vezes pudemos rir juntos e com esse canceriano como eu, dividir situações pela cidade, mas meu querido Ricardo era agora o Boechat que estava preenchendo uma lacuna imensa no país.
Sua lucidez, seu jornalismo sério e imparcial, seu comprometimento com a informação real e suas discussões sobre todos os assuntos e acima de tudo sua coragem em dar nomes aos bois e questionar de forma transparente todos os prefeitos, governadores, ministros, juízes do STF, advogados, secretários de estado, empresários, pessoas públicas ou não, que veem vergonhosamente vilipendiando nosso Brasil.
Ele era uma voz que todo o brasileiro estava se fiando para que um novo país pudesse surgir.
Ele era os olhos dos que não tinham visão clara para entender os gestos indignos como o povo vem sendo tratado.
Ele era o que as escolas e universidades não estão fazendo pelo Brasil. Seu programa na rádio e seus comentários na TV eram a educação que o nosso povo necessita nesse momento que nos falta tanta dignidade. Um jornalismo sério e verdadeiramente imparcial, onde somente a notícia nua e crua era anunciada, com os comentários de alguém que queria mesmo ver uma nova nação surgir e sem a falsa leitura dos idealismos.
Perde sua família, perdem os cariocas (mais uma perda para a cidade) e perde muito o país.
É devastadora essa perda.
Ricardo Boechat você não podia nos deixar agora. Eu sinto muitíssimo, do mais profundo do meu coração.
E para lembrar que maçã não cai do pé de coqueiro, aí vão as palavras de Mercedes… Acorda Brasil!!!