De Paris, segui para Chalon-Sur-Saône (sub-prefeitura de Mâcon) onde embaquei no painiche (barco de fundo chato, habitualmente utilizado nessa região francesa) que me levaria Rio Rhône abaixo, em direção a Riviera Francesa, através da Borgonha e Provença.
Chalon-Sur-Saône é uma das primeiras cidades da Borgonha, região famosa pela função de ser uma das mais importantes terras de vinicultura.
A Borgonha (cuja a capital é Dijon) foi ocupada no século VI antes de Cristo, pelos Celtas (povo dividido em diversas tribos como bretões, gauleses, belgas {esses que foram o de maior número nessa região}, caledônios, batavos etc., considerados os responsáveis pela introdução da Idade do Ferro, ou seja, o começo da metalurgia, do ferro na Europa).
A “porta da cidade” mostra, como em qualquer cidade medieval, os limites de seus burgos.
A cidade é muito pacata e guarda as características de suas influencias gaulesas, românicas e germânicas.
Devidamente embarcada e instalada numa confortável cabine do barco Avalon Scenery, que é um hotel cinco estrelas sobre a água (alias, calmíssima) iniciei a descida do Rio Sâone, em direção ao Rio Rhône chegando primeiramente a Mâcon.
A cidade estende-se sobre a margem ocidental do rio Saône, entre a antiga província de Bresse a leste e os montes do Beaujolais a oeste. Ela é a cidade mais meridional da Borgonha, situada a 65 km ao norte de Lyon e a 400 km de Paris. É a capital de Saône-et-Loire.
Então estamos na famosa região vinícula de Beaujolais.
Foi lá que pela primeira vez, pude ver de perto as famosas portas para o “abandono de bebês indesejados”.
Trata-se de uma espécie de barril, dividido ao meio longitudinalmente, instalado num eixo que gira, preso a parede externa de um hospital ou convento.
Então se for girado, a parte aberta do barril vira em direção ao lado externo do prédio ou ao lado interno.
As crianças eram deixadas nesse barril durante a madrugada, quando suas mães (ou as criadas das mesmas) não poderiam ser identificadas, ficando suas identidades preservadas. O barril era girado para parte interna da instituição e a criança poderia ser retirada do barril.
O que me impressionou também durante toda a viagem que fiz flutuando as calmas águas do Rio Saône e Rhône, foi a quantidade de cisnes soltos a natureza.
No Brasil, como em alguns outros países, os cisnes são vendidos a preço de ouro, por criadores especializados e os valores podem chegar até R$ 5.000,00 (os negros) no mercado.
E lá, eles vivem, em grande quantidade, livremente nos rios sem serem incomodados. Muito pelo contrário, pois as pessoas têm o hábito de jogarem alimento para eles nas margens do rio.
Quando o barco atraca, são os primeiros a chegar para nos saldar. Tem muito da curiosidade animal, mas principalmente o interesse do alimento fácil dado pelos turistas, é claro.
As fotos abaixo foram tiradas da varanda da minha cabine.
Minha próxima parada é na impressionante cidade de Lyon, a verdadeira capital da culinária mundial. Até lá.
Mâcon, 02 de julho de 2008.
Lúcia Veríssimo