NÃO TE AMO MAIS

Me pediram e eu prometi, na semana passada, que disponibilizaria uma poesia da minha amada Clarice Lispector e vou fazer isso agora:

“NÃO TE AMO MAIS.

Estarei mentindo dizendo que

Ainda te quero como sempre quis.

Tenho certeza que

Nada foi em vão.

Sinto dentro de mim que

Tu não significas nada.

Não poderia dizer jamais que

Alimento um grande amor.

Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!

E jamais usarei a frase

EU TE AMO!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade

É tarde demais…”

 

Muito bem, agora leia a mesma poesia de baixo para cima.

Ela não seria nada excepcional se não tivesse esse artifício. Essa dinâmica incrível. Do mesmo texto servir dos dois lados com intenções opostas. Rigorosamente OPOSTAS.

Isso é que é extraordinário. A sacada que essa esplendorosa mulher teve. Vocês podem observar que até mesmo a pontuação é coerente com os dois lados da leitura. É genial essa idéia.

Promessa cumprida e viva Clarice Lispector!

Beijos para vocês e tenham todos uma excelente semana.

RAZÃO X PAIXÃO

Sócrates foi o precursor na defesa do amor racional e desde então, a psicanálise nos trouxe ainda mais motivos para lidar com ele de forma pensada.

Mas o que nos falta muitas vezes, é o equilíbrio entre o amor paixão e o racional.

Falta entender que o romantismo é de extrema importância e que só racionalizarmos a relação não nos adiantará de nada na construção dela.

Mas o amor racional é um amor que cresce sólido, pois tudo é exaustivamente ponderado e falado. São os famosos DRs, que particularmente não sou muito adepta, mas sendo uma pessoa aberta a novas coisas, me adéquo. Esse amor racional, leva tempo para tomar a forma desejada, mas quando se forma é muito forte, intenso.

Conversar exaustivamente sobre tudo que se passa na nossa cabeça, não só nos ouvindo como ouvindo o outro, acaba sendo um exercício fantástico de contenda, acima de tudo, com você mesma. Isso fascina para quem se propõe a percorrer o caminho do autoconhecimento. Alias, é dessa maneira que conseguimos todo o resto, inclusive ficar sozinho confortavelmente, se sentindo aconchegado e não vazio.

Quando esse embate se dá com alguém que tem uma velocidade de raciocínio e profundidade de leitura desse raciocínio é um deleite. Quase um prazer sexual, mas definitivamente não é.

Prazer sexual e todo o aparato que o cerca é somente sentido pelo corpo e corpo não entra em conversa. A conversa do corpo é diferente. A linguagem do corpo habitualmente é contrária a linguagem da voz.

Então o que é feito do amor apaixonado? Aquele que só depende de um olhar meigo, de um carinho inesperado, uma passada de mão escondida, daquele desejo insaciável, das bocas sedentas, dos abraços apertados, do telefonar apenas para dizer que sente saudade. O amor melhor de todos – que sem esperar encontrar com o outro, vê-lo passar nos faz sentir o frio percorrendo a barriga. Que deixa sua carne exposta ao consumo.

Aí eu pergunto, vale à pena racionalizar tanto?

Então vou citar a mineira Anna Lee em dois trechos de seu poema Razão x Paixão:

“A razão é o curativo ineficiente da paixão,

O paliativo para a desilusão…

É ter polidez no sentir,

Como se sentisse individualmente.”…

…“Sentir ignora o individualismo

Como se ignora uma criança birrenta.

Ignora até mesmo a própria razão,

Mesmo que não seja paixão…

Sentir vai além do corpo,

Desnuda a alma e a expõe nos olhos. “…

O DIA É UM DUVIDOSO LABIRINTO

Andei olhando essas minhas linhas em que não me escondo e pude acompanhar claramente, assim como todos vocês, os acontecimentos e olha que sem distanciamento.

Como estou contente de ter podido ser tão fiel ao que sinto.

Medo sempre existe, mas as descobertas são tão mais prazerosas e o encantamento se perfaz.

Perguntas nos assolam e respostam nunca acontecem.

“O que será: este labirinto de perguntas e resposta alguma, este insistente rugir de pássaros, este abrir as jaulas, soltar o bicho novelo que há em nós, delicado/feroz morder (deixa sangrar) o outro bicho (deixa, deixa) e toda esta parafernália a parecer truque enquanto obsidiante você mente embora acreditando nas mentiras e eu use os piores estratagemas para cobrir-me a retirada desse vicioso campo de batalha.” (Olga Savary)

O jogo contínuo do amor.

Esse solver o outro e delatar você. Esse passatempo a que nos propomos, apostando numa loteria sem fundos, lados, frente. Em cima, embaixo… esse deleite de inseguranças.

Quem de nós é tão seguro enquanto propõe se jogar num precipício, mesmo quando não resta outra saída e o fogo queima suas costas?

“Morro do que há no mundo: do que vi, do que ouvi. Morro do que vivi. Morro comigo, apenas: com lembranças amadas, porém desesperadas. Morro cheia de assombro por não sentir em mim nem princípio nem fim. Morro: e a circunferência fica, em redor, fechada. Dentro sou tudo e nada.” (Cecília Meireles)

Como acordei com vontade de voar. Quanto dimensionei o que vivi e me entreguei. Tão pouco recebi. Não queria nem as minhas nem as suas lágrimas, mas nesse caso, são inteiramente necessárias. Como dói quando percebemos isso, não?

É mesmo sempre um ciclo que se inicia e termina no mesmo lugar, passando pelas imagens e lugares mais distintos. Todo trem faz o mesmo itinerário e nunca os lugares são iguais. Então vale mesmo a pena viajar.

“E sou meu próprio frio que me fecho longe do amor desabitado e líquido, amor em que me amaram, me feriram sete vezes por dia em sete dias de sete vidas de ouro, amor, fonte de eterno frio, minha pena deserta, ao fim de março, amor, quem contaria? E já não sei se é jogo, ou se poesia.” (Carlos Drummond de Andrade)

As favas com o que pressinto. Ao inferno o que não me deixa revelar.

“Minha estrela não é a de Belém: A que, parada, aguarda o peregrino. Sem importar-se com qualquer destino A minha estrela vai seguindo além… — Meu Deus, o que é que esse menino tem? — Já suspeitavam desde eu pequenino. O que eu tenho? É uma estrela em desatino…

E nos desentendemos muito bem!

E quando tudo parecia a esmo E nesses descaminhos me perdia

Encontrei muitas vezes a mim mesmo… Eu temo é uma traição do instinto

Que me liberte, por acaso, um dia

Deste velho e encantado Labirinto ” (Mario Quintana)

E lá vou eu…

O CASO TODO É ESTE OU É ISTO EM PALAVRAS

Esse sábado – como no sábado de Borges – de ensolarado outono, fico repensando os últimos acontecimentos e vem a lembrança do ensinamento de que toda a mudança é sempre para melhor. Disso não podemos fugir e essa fórmula é mesmo incontestável.

Estou vivendo uma série de novos episódios muito interessantes e fico feliz que essa constatação se profetize. Isso está me dando uma alegria, pois começo a perceber que estou mesmo amadurecendo e aprendendo a deixar que as coisas cheguem sem muito julgá-las.

Let it be.

Também isso não quer dizer que meu coração não fique ansioso e batendo forte a cada novo encontro e descoberta. Muito pelo contrário, ele está enlouquecido (e como os ventos têm sido favoráveis…) cheio de desvarios inéditos e nada dispersos, me coloco a disposição das novas direções.

Baseada nos fatos, querendo homenagear, me obrigo a citar Ana Cristina Cesar

“Não querida, não é preciso correr assim do que vivemos. O espaço arde. O perigo de viver.”

“Imagino como seria te amar

teria o gosto estranho das palavras

que brincamos

e a seriedade de quando esquecemos

quais palavras

imagino como seria te amar…”

CULTURA – A VERDADE DE CADA SOCIEDADE HUMANA

“A verdade de cada sociedade humana, ou de cada um dos seus segmentos, é determinado por sua cultura, que é a soma ativa de todas as coisas produzidas por qualquer grupo humano em um mesmo tempo ou lugar, em sua relação com a natureza e outros grupos sociais.

Não são as coisas, em si mesmas, que são Cultura, mas também o conjunto das condições sociais nas quais essas coisas se produzem e são usadas, nos objetivos e formas de produzi-las.

Hábitos, costumes, rituais e tradições; crenças e esperanças; técnicas, modos e processos; sobretudo valores da ética, como proposta e da moral vigente – tudo isso forma a Cultura que, em cada momento histórico, revela o estado das forças sociais em conflito – ou, dele, boa parte.”

 

NÃO TENHAM NENHUMA DÚVIDA

Fiquei impressionada com as pessoas que reclamaram que eu não tinha cara de flamenguista.

Perguntei por que? E ninguém teve coragem de responder.

Certamente é por causa de algum preconceito, não é mesmo?

Para não ficar nenhuma dúvida, segue abaixo uma foto decente da flamenguista aqui e por favor, esqueçam a que vocês viram que está horrorosa.

Como gostam de derrubar a gente, não?

Foto feita em homenagem ao Clube de Regatas do Flamengo.

Fotógrafo – José Antonio Moraes

Maquilagem – Marlene Moura

BRUNO, O REI; FLAMENGO, A GLÓRIA.

Eu não devo falar da minha paixão pelo Flamengo aqui, pois isso seria praticamente um livro.

Sou filha de um vascaíno, para meu desespero e dele também. E minha mãe é uma das torcedoras que cabem na Kombi da torcida do América. Sempre que encontro com o Sergio Cabral (pai) e com o Martinho da Vila (vascaínos doentes), eles toda vez dizem, se tem uma coisa que o Severa pecou na sua educação foi ter permitido você ser Flamenguista. Como se fosse possível arrancar esse imenso prazer que é ser Rubro-negra.

Sempre digo que ser flamengo para mim, vem de outras vidas e assim permanecerá por todos os tempos, se perpetuando nas que ainda virão. Também tive a sorte de ter um tio, Luiz Carlos Santarelli, irmão da minha mãe que é o mais fervoroso flamenguista que eu conheço. Ele soube muito bem, apresentar (ou reapresentar nessa vida) as delícias de ser uma torcedora do Mengão.

Como nascida e criada no Leblon, a proximidade com o clube me levou a praticar diversos esportes lá. Nesse clube fui nadadora (treinada pelo Arantes, pai do Rômulo), fiz salto em altura, em distância, revezamento, ciclismo, aprendi a dar valor a disciplina, a determinação e fiz amizades da vida inteira, como Rodrigo Paiva, Bernard do vôlei (que namorava a Michelle da patinação), família Braga, Marilene Dabus, Michel Asseff (meu irmão de coração) e toda sua família. Meu Deus, são tantos amigos queridos. Cheguei perto dos meus ídolos Junior e Zico e seremos assim próximos, a vida inteira.

O Flamengo exerce um poder de fascínio impressionante. É o time de maior torcida do Brasil, somos 32,6 milhões de torcedores e segundo o Datafolha, somos a maior torcida dos paízes da América do Sul e Central, Ásia e Europa, ou seja, a maior do mundo, certo?

O orgulho que dá, poder encher a boca e dizer sou flamenguista é indescritível.

Hoje (segunda) andando pela rua de moto, vestida de flamengo, eu encontrei milhares iguais a mim. Andando de ônibus, carro, bicicleta, a pé e imediatamente a interação se dá, se estabelece a relação de alegria de ser igual. Como estamos felizes e no meio desse momento tão difícil de crise, gripes, desemprego, receber essa glória. Obrigada Mengão.

Nesse Domingo, Bruno, enfim foi coroado. O time inteiro fez uma atuação maravilhosa, com raça. Como nós gostamos, mas Bruno nos deu o título. Desde que ele entrou no time (2006) e se tornou titular (substituindo o Diego), que sou fã dele. Da maneira dele ser, sempre tranqüilo, seguro, na dele, do grande goleiro e também goleiro artilheiro, pois não só defende como goleia. Durante esses 3 anos no clube, ele ajudou a conquistar 5 títulos (Taça Guanabara – 2007, Campeonato Carioca – 2007, novamente Guanabara – 2008, idem para Carioca – 2008 e agora a Taça Rio – 2009).

Ele é um capricorniano do dia 23 de dezembro. Os capricornianos costumam chegar onde querem, mas não sem muito esforço e tendo que driblar um milhão de obstáculos. Nada é fácil para eles. E não foi fácil esse final de campeonato no Maracanã contra o Botafogo. Não foi fácil, mas ele defendeu 3 pênaltis. Isso é impressionante, um goleiro que defende 3 pênaltis numa mesma partida. Eu não tenho a informação se esse mérito já foi alcançado por outro goleiro, mas adorei assistir isso no meu time.

Ele é considerado no futebol como um Penalties Stopper e pode comprovar isso nessa final.

SAUDAÇÕES RUBRO-NEGRAS A QUEM TEM ESSE MESMO PRAZER QUE EU DE FAZER PARTE DESSE TIME AMADO.