RESPOSTAS

Queridos,

Quero agradecer a todas as manifestações de pesar pela partida do Kasamba e a solidariedade com os problemas que venho enfrentando. Podem ter certeza de que esse carinho é uma das coisas mais importantes para mim agora.

Kasamba foi mesmo um grande companheiro e um ser muito especial. Era um grande líder, como um líder deve ser; soberano, tranqüilo, seguro, um chefe sem nenhuma agressividade, educadíssimo e um doce. Porem absurdamente firme quando necessário. defendeu sua matilha, canina e humana com honraria. Foi meu primeiro Rhodesian Ridgeback da vida e desde 1994, nunca mais saí da raça. Espero que eu tenha sido para ele o mesmo que sempre foi para mim.

                  

Na votação o que ganhou foi em vez de escrever, falar. Ok. Vou providenciar, o mais rápido possível, essa tecnologia para satisfazer a maioria. Não sabia que minha voz era tão querida.

Por falar em tecnologia, ela é mesmo impressionante e quando conseguirmos alcançar a velocidade da luz, aí ninguém mais segura os terráquios. Valeu a dica mandada pela Miriam Leobino sobre como foi feito, parte dos efeitos do filme O Curioso Caso de Benjamin Button e quero compartilhar com vocês.

Mas prometam que verão o filme antes de verem como é feito, por favor. Tudo pela fantasia, sempre!

 

E por falar em fantasia, Marianne, não li o artigo da Revista Época que você mencionou, mas se o assunto é mulheres x desejo, vamos tentar discutir alguma coisa.

Quer dizer que a Fernanda Young diz, que as mulheres escondem, até delas mesmas, suas preferências sexuais?

Concordo e discordo. Como sou uma pessoa que não escondo absolutamente nada dos meus desejos e preferências sexuais, pois acredito que tarado é um ser normal pego em flagrante e como o ser humano tem a tendência de julgar o outro a partir dele mesmo, deveria discordar, mas como sou uma pessoa que sabe que nem todos têm essa liberdade que me propus ter na vida, concordo com ela.

Também temos que pensar como a mulher sempre foi subjugada, educada para não ter desejos próprios, nem liberdade de ação e que sempre foi criada para ser a responsável, única, de manter aquela casa e família dentro de padrões religiosos super moralistas e caretas, onde não cabe autonomia sexual. Até hoje em dia, mulheres são mutiladas ou infibuladas em muitos países pelo mundo, creiam.

Para se falar de um assunto como esse de forma generalizada, temos que pensar de forma global. Pensar no que acontece, não só nas sociedades que, em sua educação, já dão o direito de suas mulheres exprimirem seus desejos abertamente, mas falar daquelas que nem podem falar sobre sexo dentro de casa.

Ainda nos dias de hoje existem mulheres que têm medo de exigir o uso da camisinha. Pode um negócio desses? Se elas têm medo de falar sobre isso, imagina falar como gostam ou não?

Quanto ao desejo de ser violentada, não vejo nada demais. Não gosto, mas não me incomodaria de fazer a vontade de alguém que tenha esse desejo. Desejo, fantasia, delírio, vontade ou nome que você queira dar a isso, é absolutamente natural. Você sabe que no dicionário Aurélio, a definição para tara é defeito moral?

Que droga é essa de defeito moral? Para mim, se não for masoquismo (em último escala, com sangue etc.), cacofagia ou necrofilia e principalmente zoofilia, o resto é normal. Apenas você tem que definir o que lhe dá prazer e o que você pode dar de prazer sem lhe incomodar. Às vezes pode-se até descobrir algo novo. Experimentar sempre. Essa é a fórmula, você não acha?

Prometo que vou tentar encontrar a matéria e depois discutir melhor sobre o assunto.

A Miriam também me pediu para falar sobre figurino. Esse é um assunto que posso opinar muito pouco. Sou muito conservadora e meu estilo é a melhor invenção do mundo da roupa, o jeans. E a velha bota, que não abro mão de usar. O chapéu eu já não uso com tanta freqüência, apenas na fazenda, mas a bota não sai do meu pé. Mesmo com calças de seda.

Posso falar sobre figurino de filmes, mas nesse aspecto, no filme Benjamin, apesar de ser muito bem feito, não foi o que mais me chamou atenção.

Marcelo, de fato, você está coberto de razão em dizer que as pessoas nesse mundo de agora só valem o que tem. As pessoas compram coisas que nunca irão usar e acumulam tantas porcarias e depois nem sabem como se desfazer delas. A isso deram o nome de capitalismo, que incentiva o consumismo exacerbado.

Isso nos faz pensar também na futilidade que impera. As pessoas estão cada vez mais ignorantes e isso é o mais triste. Quem tem com o que se ocupar mesmo, não tem tempo para compras desnecessárias.

Paul Henry quer que eu fale sobre o ser humano. Acho que você vai gostar de assistir minha peça, Usufruto. Quando escrevo dramaturgia, gosto de escrever sobre relações humanas. Não deixe de assistir quando estrear. Vou esperar por sua crítica.

Ativismo sempre será recorrente, pois não consigo ser de outra forma.

Me pediram para falar sobre fé e budismo, então vou deixar vocês com um pensamento. Podemos discutir sobre ele?

“Estudar o Caminho é estudar a si próprio. Estudar a si próprio é esquecer-se de si próprio. Esquecer-se de si próprio é tornar-se iluminado por todas as coisas do universo. Ser iluminado por todas as coisas do universo é livrar-se do corpo e da mente de si próprio, bem como o dos outros. Até mesmo os traços da iluminação são eliminados e vida com iluminação, sem traços, continua para sempre.”

Dogen no Genjōkōan (現成公案)

 

Deixe uma resposta